Paul Cézanne é um dos maiores e mais influentes pintores da história. Sua importância se reflete na maneira como ele conseguiu quebrar rígidos paradigmas da pintura da sua época e desenvolver um estilo único, fundamental para os diversos movimentos que compõem a arte moderna, sendo inclusive considerado o “pai” dela.
Vamos conhecer um pouco mais sobre sua vida e como ele se tornou esse ícone da arte.
Um artista, apesar da contrariedade do pai
Diferentemente de muitos artistas da época, Paul Cézanne vinha de uma família rica, pois seu pai foi cofundador de um banco que prosperou, proporcionando ao artista uma segurança financeira incomum para a época.
Ele nasceu em 1839, em Aix-en-Provence, na França, e acredita-se que sua mãe foi sua grande influência, devido à sua visão de vida e arte.
Um ponto crucial em seus estudos ocorreu em 1852, quando ingressou no Collège Bourbon, onde conheceu e se tornou amigo de Émile Zola. Essa amizade foi importantíssima para ambos, pois naquele momento imaginaram carreiras de sucesso na crescente indústria da arte de Paris: Cézanne como pintor e Zola como escritor.
O início dividido de Paul Cézanne
Foi somente em 1856 que Cézanne começou sua carreira na pintura. No entanto, seu pai não aprovou e o fez estudar também direito na Universidade de Aix-en-Provence, em 1858. Ele seguiu conciliando os cursos até 1861, quando deixou Aix e foi para Paris tentar entrar na L’école des Beaux-Arts e morar com seu amigo Zola.
Contudo, os planos foram frustrados quando ele foi reprovado na admissão da escola, o que o fez optar pela Académie Suisse. Essa mudança foi importantíssima para sua carreira, pois lá ele conheceu Camille Pissarro, Claude Monet e Auguste Renoir.
Apesar de ser um período valioso para a evolução de sua pintura, pois seu contato com Pissarro ajudaria a evoluir no futuro seu estilo pictórico para aquele que o consagrou, ele começou a se questionar sobre sua capacidade apenas cinco meses após ir para Paris.
Nesse momento, ele voltou para Aix e começou a trabalhar no banco com seu pai, mas apenas um ano depois retornou a Paris para recomeçar sua carreira como artista.
O “período negro” de Paul Cézanne
Até o início dos anos 1870, as pinturas de Cézanne tinham como marca as cores escuras e um grande uso de preto. Isso fez, posteriormente, essa fase ser conhecida como “período negro”.
De volta à Académie Suisse, ele retomou seus estudos e sua primeira exposição ocorreu no “Salão dos Recusados”, em 1863. Este local foi criado por decreto por Napoleão III e era onde as pinturas que haviam sido rejeitadas para a mostra no Salão da Academia de Belas-Artes eram exibidas. Cézanne ainda foi recusado entre os anos de 1864 e 1869.

Açucareiro, Peras e Xícara Azul (1865-1866)
O ano de 1869 foi importante para ele, pois foi quando conheceu Hortense Fiquet, uma modelo e costureira, que se tornou sua amante e, posteriormente, lhe deu um filho, Paul, nascido em 1872. Foi com ela que Paul fugiu para Marselha em 1870, quando estourou a Guerra Franco-Prussiana.
Durante esse período, ele passou a pintar paisagens, além da própria Hortense. Esse movimento se confirmou quando ele retornou para Paris em 1871, se mudou para Auvers logo após o nascimento de seu filho e passou a trabalhar com Pissarro, a quem sempre chamou de “mestre”.
A mudança no estilo de Cézanne
Foi um período relativamente curto, entre 1872 e 1873, mas fundamental para a mudança de estilo de Cézanne. Isso porque, sob a tutela de Pissarro, ele mudou de tons escuros para tons claros. Além disso, começou a se concentrar em cenas de fazendas e vilas rurais (apesar de não serem seus únicos temas).
Uma Olímpia Moderna (1873)
Essa foi a fase impressionista dele, rendendo-lhe presença na primeira mostra impressionista de 1874 (ele ainda viria a expor com eles novamente em 1877). Entretanto, mesmo estando presente nestes eventos, ele nunca adotou completamente seus objetivos e técnicas.
Ele tinha um objetivo próprio, que era o de uma arte que não agradava superficialmente aos olhos, mas à mente. Essa acabou sendo uma busca solitária e com muitas experimentações por parte de Cézanne ao longo dos anos. Tanto que esta fase da carreira dele é vista como o “período de transição”, quando ele se afasta do impressionismo e começa a apresentar um estilo próprio.
Durante muito tempo, ele não teve o devido reconhecimento de sua arte, com as críticas sendo muito duras com suas criações. Um bom exemplo foi a de Louis Leroy, que emitiu uma dura opinião sobre o retrato que Cézanne fez de Chocquet:
“Esta cabeça com uma aparência peculiar, e esta coloração de uma bota velha podem causar um choque (a uma mulher grávida) e febre amarela ao fruto de seu ventre antes mesmo de seu ingresso ao mundo”.
Tal falta de reconhecimento fez com que ele por muitos anos não expusesse nenhuma de suas obras.
O período de reclusão de Cézanne
No começo dos anos 1880, ele se mudou para Provença, onde fixou residência. Destaca-se neste período o grande número de pinturas do Monte de Santa Vitória, em L’Estaque. Isso porque ali estava a residência do irmão de Hortense, local que ele passou a ir regularmente. Posteriormente, podemos ver muitas pinturas da região de Gardanne, já desta nova fase construtiva de Cézanne, também conhecida como “período de maturidade”.

Ponte de Maicy (1880)
Os anos 1880 foram muito turbulentos para o artista, pois no mesmo ano em que ele se casou com Hortense, seu pai faleceu. E depois disso houve o rompimento da amizade de infância com Émile Zola.
O motivo foi Zola tê-lo usado, em grande parte, como base para compor o personagem Claude Lantier, um artista sem sucesso e trágico no final do livro L’Œuvre. Paul interpretou isso como um insulto à sua carreira e a ele próprio e, muito magoado, rompeu sua amizade com o escritor.
Isso ocorreu em 1888, quando eles haviam se mudado para Jas de Bouffan. O período de isolamento de Cézanne começa a diminuir no início dos anos 1890, quando finalmente seu trabalho é reconhecido.
O período final da vida de Paul Cézanne e a inspiração para gerações futuras
A mudança na vida de Cézanne começou quando o negociante de artes Ambroise Vollard, após muita insistência de Renoir, Monet e Pissarro, organizou uma exposição individual do artista.
Apesar de muitos ainda não compreenderem suas obras, ele passou a ter o reconhecimento por parte do grande público. Tal fama que ele conquistou fez com que jovens admiradores de sua obra fizessem peregrinação para a região onde ele morava, novamente na região de Aix.

O Monte de Santa Vitória (1904-06), a última de mais de sessenta obras pintadas por ele sobre o tema
Paul Cézanne, ao contrário do que muitos poderiam imaginar, apreciava muito a visita destes admiradores. Seus últimos anos marcaram uma relação conflituosa com sua esposa, que teve um período breve de reconciliação quando sua mãe morreu, mas que voltou a estremecer, com ele até a tirando do testamento, deixando tudo para seu filho.
No início de 1900, ele comprou um terreno em Chenin des Lauves, onde possuía um estúdio (além do de Aix) e para lá se dirigia, a pé, todos os dias. Essa fase final de sua vida pode ser vista como uma das maiores referências para artistas como Picasso e Matisse, que tiveram forte influência de Cézanne em sua arte.

As Banhistas (1900-1906)
Infelizmente, em 1906, ele contraiu uma forte gripe após ser exposto a uma tempestade. A tentativa de voltar a pintar agravou o quadro de saúde, levando a uma pneumonia, que acabou causando a sua morte no mesmo ano.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA