Quem já acompanhou premiações do cinema (como o Oscar, Festival de Gramado etc.) já deve ter visto entre as premiações a de melhor fotografia. Porém, no caso da sétima arte, não falamos exatamente de fotos, mas de uma categoria que aborda elementos que são similares em ambos. (Aliás, quer saber quais são as sete artes? Confira clicando aqui) Neste texto, explicaremos um pouco mais sobre o que é e como funciona o trabalho do setor responsável.
Fotografia no cinema: a cinematografia
O termo correto da fotografia no cinema é este acima, cinematografia, mas qual exatamente sua função? Trata-se do elemento que diz respeito à captação das imagens do filme. Ou seja, tudo relacionado ao visual da obra: a iluminação, as cores, os enquadramentos e movimentos de câmera, a composição da cena, etc. Inclusive a própria palavra tem origem no grego, numa junção entre kinema (que significa “movimento”), e graphein (“gravar”).
A direção fotografica de um filme cuida de toda construção da atmosfera e das emoções que o filme pretende passar. Para isso se vale de diversas ferramentas técnicas: como as câmeras e lentes escolhidas, a exposição, filtros, equipamentos de luz e maquinaria. Tudo isso impacta diretamente no resultado e no que o diretor quer reproduzir.
Por exemplo: a escolha de uma lente de pouca profundidade, deixará poucos elementos em foco, destacando assim para o espectador um item específico. Para o especialista e crítico de cinema Felipe Machado, da página Cinefagia.br, “O avanço da tecnologia de computação gráfica permite inclusive que filmes em animação trabalhe a fotografia como se fosse capturada de forma real, através de câmeras virtuais, como em Toy Story 4 da Pixar, que se utiliza de profundidade de campo e até simula lentes anamórficas que distorcem o plano de fundo em determinadas sequências”.
Além de tudo isso, ela traz um importante elemento narrativo, ou seja, transformar o texto do roteiro em imagens. Porque não importa apenas que a imagem seja esteticamente interessante, mas ela precisa também estar de acordo com o enredo. Por exemplo: se pensarmos um filme de terror, que precisa ter uma atmosfera mais sombria, fosse feito muito iluminado, não haveria o impacto esperado do público.
A direção de fotografia e sua participação no processo de produção do filme
Primeiramente é preciso entender que temos uma grande equipe por trás da fotografia de um filme. Além do diretor, temos o cinegrafista, o assistente de câmera, o foquista, além do eletricista (que cuida da iluminação) e do maquinista (que cuida dos maquinários, como trilhos e grua). Inclusive em casos de superproduções, até mesmo esses outros profissionais têm sua própria equipe.
A direção de fotografia não fica ausente de nenhuma etapa do filme, vai desde a pré até a pós-produção dele. Então vamos mostrar de forma bem resumida como é sua participação ao longo de todo o processo.
Cinematografia no filme: da pré até a pós-produção
Para começar, temos a fase de pré-produção, onde o diretor precisa realizar a pesquisa e o estudo de referências para conceitualizar o roteiro e chegar a um consenso visual para a história junto com o diretor de arte. Logo depois vem a escolha dos equipamentos, a visita aos locais de filmagem, testes e análise de decupagem com o diretor do filme. Por fim, a definição da equipe que trabalhará na fotografia.
Já na produção, o principal trabalho é relativo à iluminação, ao controle de tempo, à movimentação de câmera, maquinário, enquadramento, composição, entre outros.
Felipe Machado reforça essa questão: “Um dos maiores nomes da cinematografia mundial é o genial Roger Deakins, que exemplificou todo este processo em seu trabalho mais recente, o filme 1917 de Sam Mendes. Todo feito simulando um grande plano sequência, apresentou um trabalho de fotografia muito cuidadoso e complexo que passou por todas as etapas, incluindo um grande ensaio com a equipe de atores e marcação de cenas por toda a locação, meses antes de iniciarem as gravações”.
Neste momento entra a importância de um bom entendimento entre a direção de fotografia e a de arte, para que a atmosfera do filme saia como esperado. Inclusive nesta fase, cada uma das equipes tem seu próprio tempo de preparação do set, para que tudo aquilo planejado possa ser posto em prática.
Apesar de estarmos já na pós-produção, o trabalho não diminui. É nesta hora que o diretor de fotografia se senta junto do diretor para fazer as correções necessárias. Machado cita um exemplo dessa situação: na produção de O Filme da Minha Vida, eu soube de Selton Melo, na première em que estive presente, que ele e o diretor de fotografia Walter Carvalho trabalharam lado a lado em cada elemento do filme e definiram juntos toda a identidade visual do longa, num trabalho incrível de cinematografia”.
Entre esses ajustes está a correção de cor com o colorista, ajuste fino das imagens, até os testes de projeção.
Como podem ver, para um bom resultado visual do filme, é fundamental a presença da fotografia durante todo o processo. E Você, já reparou nesses detalhes em algum filme? Qual o seu preferido? Conta pra gente, compartilhando esse conteúdo em suas redes sociais e marcando nossos perfis!