Durante o século XX, o movimento do expressionismo foi um dos mais destacados e inclusive um dos quais ainda mais inspira obras nos dias de hoje. Entre seus expoentes, temos o russo Wassily Kandinsky, que conta com diversas obras importantes, mas talvez nenhuma tão lembrada como “O Cavaleiro Azul”, tanto pela sua importância artística, como pelo grupo que levou seu nome.
Kandinsky e as inspirações para O Cavaleiro Azul
Kandinsky nasceu em Moscou, na Rússia, mas viveu parte da juventude em Odessa e retornou à Rússia para estudar direito. Foi apenas em 1896, aos 30 anos e após ver uma exposição de Claude Monet, que passou a dedicar-se somente a pintura. Foi para a Alemanha no mesmo ano, onde ingressou na escola do pintor Anton Azbè.
No entanto, o período lá desiludiu Kandinsky, que preferia pintar paisagens coloridas ao ar livre, em vez de modelos que, segundo ele, eram “mal-cheirosos, apáticos, inexpressivos, geralmente destituídos de caráter”.
Posteriormente, após ser admitido na Academia de Belas Artes de Munique, passa a estudar com Franz von Stuck. Até então, o estilo predominante era o “Art Noveau” e junto a seu mestre, Kandinsky funda a associação artística “Falange”, reunindo jovens a lutar pela nova arte.
Os detalhes da Obra Cavaleiro Azul
Nesta época, Kandinsky pintava com cores intensas, inspiradas nas decorações das pinturas do folclore bávaro e russo, onde mostrou a influência do pós-impressionismo. Além disso, também tínhamos grande inspiração nas obras de Monet e foram com essas referências que ele pintou uma de suas mais importantes obras, “O Cavaleiro Azul”.
Trata-se de uma obra em que ele já traz o expressionismo, mas com certas referências abstracionistas. Esta segunda, anos depois viria a ser seu estilo predominante (o expressionismo abstrato). “O cavaleiro Azul” traz um cavaleiro vestido com uma capa azul, a cavalgar por um campo verde.
Entre outras coisas, destaca-se a citada predileção de Kandinsky por paisagens coloridas e ao ar livre. Além disso, temos várias características do expressionismo presentes na obra como:
- A distorção nos traços;
- O já citado uso de cores intensas e vibrantes;
- A subjetividade, pois apesar de teoricamente ser uma obra com um tema bem definido, havia margem para interpretações. Por exemplo: para muitos, o cavaleiro segura uma criança, mas não há consenso sobre tal fato;
O próprio uso de cores mais intensas também foi uma marca vista ao longo da carreira de Kandinsky. No entanto, os aspectos que chamam mais a atenção em “O Cavaleiro Azul” são o uso do movimento (que é reforçado pelas pinceladas curtas) e a forma como ela foi pintada.
Como podem ver a imagem está esfumada de forma proposital. Só que ao observar como mais atenção, o cavaleiro tem seus traços ainda mais esfumaçados, buscando dar a ideia de velocidade dele em relação ao resto da paisagem.
O grupo “Der Blaue Reiter”
Apesar de ser russo, boa parte da carreira de Kandinsky foi na Alemanha, inclusive um dos movimentos expressionistas mais importantes do país levou o nome de sua obra “O Cavaleiro Azul”. O Grupo chamava-se Der Blaue Reiter (o nome em alemão da obra) e formou-se em 1911.
Junto com um outro grupo formado em 1905 chamado Die Brücke (A Ponte), eles foram a referência no expressionismo alemão. O Der Blaue Reiter contava majoritariamente com emigrantes russos e alemães. Neles, os integrantes mais destacados foram Wassily Kandinsky, Alexej von Jawlensky, Franz Marc, August Macke, Paul Klee e Marianne von Werefkin.
O grupo não tinha um programa preciso, mas tinha uma orientação claramente espiritualista. Ele foi principalmente uma oposição ao cubismo, pois questionavam o fundamento racionalista e implicitamente realista. Sendo assim, procuravam uma arte que expressasse experiências pessoais da vida do Homem confrontado com a Natureza.
Um ano depois, eles lançaram uma revista, a “Almanach der Blaue Reiter”. Essa revista foi particularmente importante, pois afirmou de forma mais clara as intenções artísticas do grupo. Por exemplo, nela tivemos ensaios sobre várias linguagens, como um sobre música e texto escritos por David Burliuk, além claro das pinturas de artistas do próprio grupo.
Só que nele também tínhamos a reafirmação de interesses como o misticismo e a espiritualidade. Por conta de uma proposta que acreditava na eficácia simbólica e psicológica da arte abstrata, mesmo contando com boa recepção pela classe artística, ela não conseguiu convencer o público e críticos.
O Legado do Der Blaue Reiter
O grupo durou apenas até 1914 e no ano de sua dissolução, eles lançaram um segundo almanaque. Nele Wassily Kandinsky fez um balanço frustrado sobre os objetivos que tinham em mente:
“Um dos nossos objetivos, na minha opinião, um dos principais, dificilmente foi atingido. Consistia em demonstrar, por meio de exemplos, da justaposição prática e da demonstração teórica, que a questão da forma na arte é secundária, que na arte a questão é algo que diz respeito predominantemente ao conteúdo. Talvez os tempos ainda não estejam maduros para ‘ouvir’ e ‘ver’ neste sentido.”
O grupo dissolveu-se por conta da Primeira Guerra Mundial e os destinos foram diversos. Franz Marc e August Macke infelizmente morreram em combate. Kandinsky e Marianne von Werefkin tiveram que voltar para a Rússia, em razão da nacionalidade. Também Alexej von Jawlensky teve que fugir e, como alguns outros artistas alemães, refugiou-se em Ascona, Suíça até fim da guerra, quando retornou, mas agora para Munique.
Um dos mais importantes legados do grupo, foi que ele foi o embrião do que viria a ser conhecido como Bauhaus. Inclusive com a presença de Kandinsky, que retornou em 1921 para Alemanha justamente para lecionar na escola, que estão estava em Weimar.
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Autoria: Departamento de Pesquisa e Cultura ABRA